domingo, 22 de julho de 2007

QUANDO O CALOR APERTA, A SPIRANTHES AESTIVALIS DESPERTA

A Spiranthes aestivalis (Poiret) L.C.M. Richard é uma espécie de interesse comunitário que exige uma protecção rigorosa. Está incluída no Anexo IV-B da Directiva 92/43/EEC, de 21 de Maio de 1992 (Directiva Habitats), relativa à preservação dos habitats, transposta para a ordem jurídica portuguesa pelo Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de Abril.
Planta grácil de raízes tuberosas, com 2-4 (-6) tubérculos fusiformes. Caule com 10-30 (-40) cm, cilíndrico, verde-amarelado, puberulento-glanduloso na parte superior. 4-6 folhas basais, bem desenvolvidas, 2-17 cm de comprimento por 0,2-1 (-1,5) cm de largura, lanceolado-lineares, obtusas, suberectas e um tanto invaginantes. 1-3 folhas caulinares que vão diminuindo de tamanho à medida que ascendem no caule, passando a escamas. Inflorescência frouxa, 3-10 cm de comprimento, com as 6-24 pequenas flores brancas numa única hélice. Bráctea da flor basal com 6-15 mm de comprimento por 1,5-4 mm de largura, elíptica, acuminada, foliácea, com alguns pêlos glandulosos na base, mas mais comprida que o ovário. Perianto em forma de tubo campanulado, puberulento por fora, com segmentos livres, suberectos, os externos com 6-7 mm de comprimento, lanceolados, os internos com 5-6 mm de comprimento, oblongos. Labelo com (5-) 6-7 mm de comprimento por 2-3,3 mm de largura, peloso na parte central, sem esporão, branco, com as margens incurvadas, deflexo no ápice.
É uma orquídea de plena luz, pode-se encontrar em prados húmidos, pauis, depressões húmidas nas dunas litorais e turfeiras.
Ocorre na Beira Litoral, Beira Alta, Beira Baixa, Estremadura, Douro Litoral, Trás-os-Montes e Alto Douro, Baixo Alentejo e Algarve.
Espécie em regressão generalizada devido à drenagem e desaparecimento dos seus habitats.
Imagens registadas na Lagoa da Vela, Figueira da Foz, Beira Litoral, a 18/07/07.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

UM ÚNICO LOCAL ONDE EXISTE. . .

A Orchis collina Banks & Solander ex Russel, conhecida também por orquídea pobre, não é uma planta endémica em Portugal, esta Orquidácea é muito rara em território nacional, já que é apenas conhecida “nas encostas secas da serra de Ficalho” (PINTO-GOMES, 1992). Eu também já a encontrei na Serra da Adiça que pertence à mesma cordilheira.
Planta robusta, com dois tubérculos ovóides, subsésseis. Caule erecto, com 10-40 cm. Tem as folhas basilares, 2-6, ovadas a lanceoladas, em roseta e algumas folhas, 1-4, envolvendo o caule, mais pequenas e invaginantas. Brácteas castanho-violáceas, plurinérveas, as inferiores mais compridas que o ovário. Flores, 3-20, em espiga subcilíndrica, frequentemente laxa, castanho-púrpureas a esverdeado-púrpureas. Sépalas ovada-oblongas, 9-12 mm de comprimento, 3-4 mm de largura, sendo as laterais erectas e um pouco reflexas; pétalas um tanto falciformes, 7-10 mm de comprimento, formando um capuz com a sépala dorsal. Labelo inteiro, suborbicular, emarginado no ápice, vermelho, rosado, branco ou esverdeado, não pintalgado, com a borda ligeiramente dentada. Esporão com 5-7 (-10) mm de comprimento, de esbranquiçado a rosado, saciforme, descaído e um tanto arqueado, mais curto que o ovário. É uma espécie de luz. Solo geralmente calcário e seco. Clareiras de matagais.

Primeira imagem registada na Serra de Adiça (11/03/2006), restantes 3 na Serra de Ficalho (09/04/2007), (10/03/2007) e (09/03/2007), Moura, Baixo Alentejo.

domingo, 1 de julho de 2007

ORQUÍDEA VISTOSA NOS PRADOS DO CARAMULO

A Dactylorhiza caramulensis (Vermeulen) D. Tyteca é uma espécie esbelta e robusta, de raízes tuberosas fendidas. Caule erecto, com 30-65 cm de altura, meduloso, folioso, de verde a violáceo. Possui 5-9 folhas, de 7,5-20 cm de comprimento e 1,5-3 cm de largura, oblongo-lanceoladas a lanceoladas, geralmente cobertas na página superior de pequenas manchas púrpura-anegradas, as inferiores bastante baixas e as 2-4 superiores bracteiformes. Inflorescência de 5-16 cm, densa, primeiro cónica e depois subcilíndrica. Apresenta (20-) 30-70 flores grandes bastante pálidas, de esbranquiçadas a lilacíneas, por vezes purpúreas; segmentos externos laterais do perianto com 8,5-13 mm; labelo de redondo a cordiforme, mais ou menos trilobado, com 8,5-16 mm de comprimento por 11,5-17 mm de largura, de plano a pouco convexo, toda a sua superfície com numerosos pontos e traços rosa-escuro; esporão com 8-15 mm de comprimento, relativamente robusto.
Esta orquídea, considerada também como uma variedade robusta da Dactylorhiza maculata, pode ser encontrada em prados, lameiros e bosques frescos, de plena luz a meia sombra. Ocorre no Alto Alentejo, Beira Alta, Beira Baixa, Beira Litoral, Douro Litoral, Minho, Ribatejo e Trás-os-Montes e Alto Douro.
Imagens registadas em São João do Monte,Tondela, Beira Alta, a 23/06/07.